Redes sociais e vídeo chamadas são recomendadas para celebrar o momento do nascimento sem colocar o bebê e familiares em risco
Apesar de, felizmente, não haver aumento no número dos casos e da taxa de mortalidade relacionada à COVID-19 em crianças, os recém-nascidos são um grupo vulnerável a inúmeras infecções. Por isso, em época de pandemia, é necessário que o cuidado seja redobrado com o bebê que acabou de nascer. A ginecologista, obstetra e docente do IDOMED Juliana Barros do Valle diz que o essencial é a compreensão de toda a família para a excepcionalidade do momento.
Segundo Juliana, é fundamental todos lembrarem que a chegada de um recém-nascido é caracterizada pela construção de relações desse novo membro e a própria família – os pais e os irmãos, principalmente. “Isso fica mais fácil se o ambiente estiver livre de preocupações – além daquelas que naturalmente estão previstas para esta fase. O temor do contágio representado por uma visita certamente pode gerar ansiedade e preocupações extras em todos”, explica a ginecologista.
A pediatra Angelica Nau, docente do IDOMED, reforça que os parentes não estão impedidos de comemorar e demonstrar a alegria pela chegada do bebê. Embora a rede de apoio seja essencial à família da criança, é importante que os familiares e amigos entendam que ela tem um sistema imunológico muito imaturo – e não é capaz de lidar com infecções que, para os adultos, podem nem sequer causar sintomas. Este é um dos maiores perigos: muitas vezes, os adultos ou outras crianças estão contaminados por alguma bactéria ou vírus (seja ele coronavírus ou não), mas não apresentam nenhum sintoma, e acabam transmitindo ao recém-nascido, que pode adoecer gravemente, demandando internação.
“Além da pandemia pelo novo coronavírus, estamos entrando também na época de circulação de vários outros vírus que causam infecção respiratória, como o Vírus Sincicial Respiratório, responsável pela Bronquiolite Viral Aguda. Esta doença pode acometer de forma grave o pulmão dos recém-nascidos, levando-os até mesmo à necessidade de intubação e internação em UTI”, diz Angelica.
A ginecologista e obstetra Juliana Barros do Valle pontua que é possível aos pais encontrar uma forma de agradecer o carinho dos amigos e familiares e expor a preocupação com a doença – evitando mal entendidos. “Nas redes sociais, por exemplo, é válido ‘aproveitar a deixa’ da notícia do nascimento e agradecer a compreensão de todos para o fato de que não estamos em uma fase oportuna para visitas”, destaca.
Juliana ainda lembra que em situações normais os bebês já exigem um cuidado especial nos dois primeiros meses de vida. Antes mesmo da pandemia, nessa fase de maturação do sistema imunológico, os contatos deviam ser restritos aos familiares próximos. A chegada da COVID-19 intensificou essa preocupação e exige compreensão e disposição para experimentar novas formas de aproveitar o momento, utilizando ferramentas como os contatos por redes sociais e vídeo chamadas. Se a família considerar que há necessidade de um encontro, os cuidados devem ser redobrados, com máscara, álcool em gel e distanciamento social. “Infelizmente, o momento exige que os avós e tios e outros parentes se contentem em ver os bebês a certa distância e deixem o colo para quando for mais seguro”, recomenda a ginecologista.
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